Menos telas, mais sol: o segredo para olhos saudáveis na infância

Com a chegada do Dia das Crianças, o convite aos pais é repensar o tempo que os pequenos passam diante das telas e resgatar brincadeiras que estimulem uma visão saudável. A oftalmopediatra Dra. Eveline Barros, do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco, alerta que “nosso cérebro, na fase de formação, precisa ter experiências visuais em todas as distâncias”. Segundo ela, o uso prolongado de dispositivos eletrônicos “gera estímulo à miopia, desconforto ocular e até ressecamento, mesmo em crianças sem alterações aparentes”.

A médica reforça que “até os dois anos de idade, a recomendação é zero de tela. Depois disso, até os cinco anos, o ideal é limitar a uma hora diária, e a partir dessa faixa etária, no máximo duas horas por dia”. O equilíbrio, explica, é essencial para o desenvolvimento da visão e do comportamento infantil.

Dra. Eveline lembra que “muitas vezes, os pais são surpreendidos durante consultas de rotina, porque os filhos não apresentam queixas. As crianças têm uma capacidade de adaptação muito grande”. Entre os sinais que merecem atenção estão: tropeços frequentes, dificuldade de reconhecer pessoas à distância, dor de cabeça e lacrimejamento.

Para manter os olhos saudáveis, a exposição ao ar livre é indispensável. “Duas horas por dia de atividades externas já estão cientificamente comprovadas como benéficas”, orienta. A especialista explica que a luz solar estimula a liberação de dopamina, substância que “atua no controle do crescimento do globo ocular, equilibrando o desenvolvimento e prevenindo o aumento do grau da miopia”.

As brincadeiras, segundo ela, devem variar conforme a idade. “Bebês se beneficiam de figuras de alto contraste, como preto e branco. Crianças maiores podem usar blocos de encaixe, que ajudam na percepção de profundidade. Mas correr, saltar e brincar ao ar livre já são estímulos visuais valiosos”, comenta.

Para quem usa óculos, a orientação é avaliar o grau de dependência. “Se a criança não precisa das lentes o tempo todo, é melhor retirá-las para evitar acidentes. Em casos de uso contínuo, indicamos lentes de resina ou policarbonato com armações de silicone ou acetato, que oferecem mais segurança”, destaca.

O aumento de diagnósticos também preocupa. “Temos observado um crescimento dos casos e, principalmente, um aparecimento mais precoce. Em países asiáticos, a miopia já é considerada problema de saúde pública, afetando cerca de 80% da população”, relata a médica.

Além das brincadeiras, o controle do tempo nos eletrônicos continua sendo fundamental. “É importante criar uma rotina desde cedo, com responsabilidade e incentivo a atividades externas”, reforça.

Neste Dia das Crianças, o recado da oftalmologista é claro: “Os pais enfrentam um grande desafio, mas estabelecer limites desde o início é essencial. É preciso oferecer alternativas como leitura, esportes e atividades ao ar livre. São atitudes simples que farão diferença na saúde visual e emocional dos filhos”, finaliza a Dra. Eveline Barros, oftalmopediatra do HOPE - Hospital de Olhos de Pernambuco.